Meu trabalho é uma busca pela relação entre maternidade e pintura.
Consiste principalmente em pinturas sobre papel, utilizando aquarela, acrílica e colagem, com bastante uso de cor. Pesquiso a vivência da maternidade e esse produto que veio dela – minhas crianças, que, por serem gêmeas, geram constantemente uma duplicidade imagética nas pinturas, que muito me interessa.
Minha pesquisa artística atual tem início com a observação de fotos dos meus filhos e da minha rotina. A partir das fotos, faço montagens no computador, estudos e desenhos para então começar as pinturas. Geralmente começo com um under painting abstrato, seguindo de forma irregular as cores e posições das primeiras referências. Em seguida, gosto de trabalhar com grids ou com decalques para transpor as principais figuras para o quadro. Dessa forma, o que era under painting começa a se encontrar com as figuras em posições não calculadas, e isso me proporciona as primeiras surpresas da pintura. A partir de um certo ponto, a própria pintura solicita soluções pictóricas que não saem de nenhuma referência externa.
Uma forma de enriquecer visualmente minhas composições é trazendo outros interesses que tenho para dentro da imagem, tais como: padronagens (principalmente presentes em azulejaria e cobogós), paisagens, arquitetura, formas geométricas e figuras humanas.
Meus trabalhos lidam com questões de duplicidade imagética e acúmulos visuais e sensoriais. Pelo excesso de carga mental, tenho tendência a iniciar diversos diálogos ao mesmo tempo na pintura. Aprender a “não fazer”, mesmo “desfazendo”, é um movimento de resistência à ordem produtivista imposta historicamente às mulheres – e, mais ainda, às mães. Abrir caminho para o espaço livre, para as áreas de respiro, se reflete também na minha busca formal.
Passagem do tempo, relações humanas, emoções contraditórias, corpos, ciclos, rituais e suas relações com o sagrado, dialogam com meus interesses. As sensações de alegria, pressão, confusão, deslumbramento, diversão, admiração, caos, dor são combustível para o meu trabalho, que, de alguma forma, vão ser decodificadas para o visual. Trago para a pintura o cotidiano, seja a rotina caótica ou aqueles momentos de pausa e admiração pela vida. Uma dose de realidade que é viver cercada de família e crianças sem o romantismo da maternidade idealizada.
Olá! Meu nome é Diana Gondim e sou artista visual . A partir do nascimento dos meus filhos gêmeos, minha pesquisa em pintura migrou para as questões que vivi pelo atravessamento da maternidade, como a passagem do tempo, criação dos filhos e o feminino. Pesquiso a vivência da maternidade e esse produto que veio dela – minhas duas crianças, que geram constantemente uma duplicidade imagética nas pinturas.